Semana MLB | Como um jogador que fez apenas cinco jogos profissionais roubou a cena no All-Star Game
Paul Skenes mal estreou na liga e já é visto como uma estrela. Antes do All-Star Game, a discussão não era nem se ele tinha lugar no time da Liga Nacional, mas se o arremessador do Pittsburgh Pirates deveria ser o abridor da partida. No final das contas, ele teve lugar no time.
Na coletiva em que foi anunciado oficialmente como o abridor da Liga Nacional, o arremessador estava ao lado de um técnico tetracampeão da MLB e do atual vice-campeão da liga. Nos primeiros 15 minutos de entrevista, Skenes foi o alvo de quase todas as perguntas dos jornalistas. A única que não se direcionou a ele foi a seu técnico no ASG. Qual foi? “Como você teve a ideia de contar ao Skenes que ele seria o abridor da partida?”
Uma hora mais tarde, quanto todos os jogadores ficaram à disposição da mídia para responder perguntas, não havia um que não tivesse de falar sobre a estrela precoce dos Pirates. “Está ansioso para enfrentá-lo?”, “Como foi enfrentá-lo?”, “O que você tem achado do jogo dele?”. Até um nome consagrado como Aaron Judge teve de usar seu tempo para esse tipo de pergunta. Até porque, com o anúncio de que seria o quarto rebatedor da Liga Americana, não havia certeza se teríamos o duelo Skenes x Judge na partida, algo que todos desejavam ver (obs.: houve o duelo, e o capitão do New York Yankees foi eliminado).
Muito disso se deve ao que Skenes já mostrou. O californiano de Fullerton foi a grande figura do LSU Tigers que conquistou a College World Series em 2023. Não apenas mostrou um repertório muito vasto e desenvolvido, como também apresentou uma atitude madura ainda rara no beisebol universitário. Acabou escolhido como a primeira escolha no draft do ano passado pelos Pirates.
Seu jogo estava tão pronto que ele não ficou nem meia temporada em ligas menores. Foi promovido já em 11 de maio, e desde então tem dominado seus adversários. Foram seis jogos (já contando uma atuação após o All-Star Game), com 66 entradas e um terço arremessadas. Conseguiu 89 strikeouts e cedeu apenas 14 corridas, o que vale um ERA de 1,90. Em duas oportunidades levou um no-hitter para além da quinta entrada. Não surpreende que já seja o favorito destacado a estreante do ano e esteja na briga pelo Cy Young da Liga Nacional.
Mas Skenes não é apenas o grande arremessador. Sua figura também desperta o imaginário do torcedor. Apesar da idade, 22 anos, ele se porta como um jogador rodado: educado com a imprensa e torcedores, com a palavra certa para usar mesmo nos momentos mais espinhosos, demonstra reverência ao jogo e respeito aos companheiros. Também fala muito de disciplina, algo que aprendeu na passagem pela Academia da Força Aérea (onde começou sua carreira universitária, antes de se transferir para a Louisiana State).
Somando essa postura fora do campo com seu estilo de jogo agressivo e extremamente competitivo, ele lembra outros arremessadores que dominaram eras da MLB, como Randy Johnson, Nolan Ryan e Roger Clemens. Uma figura como essa se torna referência para uma ou duas gerações de torcedores, e ajudam a ancorar toda a liga. Tanto que o mercado que deu mais audiência ao All-Star Game neste ano foi Pittsburgh, com 9,9 pontos.
Esse é o efeito de Skenes. Muito cedo para quem acabou de estrear? Com certeza, mas ele parece estar entendendo tudo o que está acontecendo.
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TRÊS STRIKES
Não foi apenas Paul Skenes que atraiu a atenção da mídia. Outro nome que repercutiu muito nos dias do All-Star Game foi o de Ingrid Andress. A estrela country foi convidada para cantar o hino americano no Home Run Derby. Foi uma das piores interpretações da música em um grande evento, com Andress demonstrando dificuldade em seguir a letra correta e com várias falhas na voz. O público no Globo Life Field foi até generoso e ficou em um misto de silêncio e incredulidade, mas não se manifestou de forma muito forte. O que não ocorreu na mídia e nas redes sociais, onde a versão de Andress do hino era reproduzida incessantamente, sempre com comentários de deboche. No dia seguinte, a cantora se justificou, dizendo estar embriagada e que estaria, naquele momento, dando entrada em uma clínica de reabilitação.
Os dias do All-Star Game também servem para o comissário, Rob Manfred, atualizar o público de diversas questões em andamento na MLB. A que mais repercutiu neste ano foi o comentário sobre as negociações para que jogadores da liga sejam liberados para disputar o torneio de beisebol dos Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 2028 (o esporte não faz parte do programa de Paris-24). Manfred revelou que teve reunião com dirigentes do comitê organizador de LA-28, que agora conversarão diretamente com os donos de franquias para reforçar o argumento em favor da liberação. Para isso acontecer, o calendário da MLB teria de ser alterado, com redução de jogos, antecipação do início para se abrir uma janela de dez dias entre julho e agosto e/ou cancelamento do All-Star Game. Vários jogadores presentes ao Jogo das Estrelas manifestaram desejo em disputar as Olimpíadas, mas o otimismo que se criou ainda soa fora da realidade considerando o tanto que os donos teriam de ceder.
Uma declaração de Manfred muito mais impactante, mas que repercutiu menos, foi a da possível adoção da tecnologia para marcar bolas e strikes já na próxima pré-temporada. O dirigente disse que ainda há ajustes a fazer na tecnologia e no modelo de sua adoção, mas que tudo estaria ajustado já para o spring training de 2025. Nesse caso, o uso no ano que vem seria apenas como teste, com a adoção definitiva ficando para o ano seguinte (2026).
BRASILEIROS
- Thyago Vieira foi apenas uma vez ao montinho na última semana. O arremessador finalizou a vitória do Arizona Diamondbacks sobre o Toronto Blue Jays por 12 a 1 no último sábado (dia 13). Ele cedeu dois walks, mas nenhuma rebatida ou corrida. Seu ERA está em 5,21 na temporada, mas 2,87 na atual equipe.